“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” – Isaías 52:7
Há um galardão especial para aqueles que se ocupam de anunciar o evangelho. Seus passos são a única ponte possível entre aquilo que Cristo fez na cruz e o coração dos homens perdidos. Se a condenação do pecado foi vencida pelo sangue do Cordeiro, a ignorância impede que as pessoas tenham acesso a tal benefício e essa barreira só é desfeita pela pregação. Equivale a dizer que, se não pregamos, ineficaz será o grande sacrifício do Calvário, “porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas, como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Romanos 10:13-15).
Esta expressão – “Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” – que aparece tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, tem um significado muito especial para definir os semeadores da paz. Ela é uma exclamação de Deus, valorizando todos aqueles que aceitam o desafio de fazer valer, nesta geração, o que Cristo fez no Calvário, há dois mil anos.
Por que elogiados são os pés e não os rostos, por exemplo? Já pensou nisso? Eu acredito que porque falam de esforço, de atitude, de movimento em função do outro. De nada adianta uma igreja cheia de faces bonitas, se não houver pés dispostos a ir. O que nos difere dos religiosos egoístas é a disposição para alcançar o perdido, esteja ele onde estiver.
O texto bíblico fala de pés “sobre os montes”. Não há relevo mais difícil de se vencer do que este. Por isso, a metáfora é bem adequada. Muitas vezes, para se alcançar o coração de um ser humano, é preciso fazer um grande esforço, enfrentar barreiras, vencer o cansaço, correr riscos... Agora mesmo, temos gente deixando em casa um drama pessoal, para servir o próximo. Temos mulheres entrando nas favelas, tendo que pedir “licença” para os senhores do tráfico, a fim de evangelizarem crianças. E o que dizer de tantos que, num tempo como este, de crise econômica, chegam ao fim do dia exaustos, depois de trabalhar pesado, mas ainda encontram forças para sair em busca de um perdido.
Por ter certeza, a beleza que impressiona o Senhor não é dos pés preservados no conforto da religião, mas a dos pés sujos e marcados pelas bolhas da disposição.
O que move esses homens e mulheres de pés formosos? A religião? O constrangimento? Uma estratégia de igreja? Certamente, não! Eles são movidos pelo amor, pela compaixão, pela consciência de que não faz sentido terem sido alcançados pelo evangelho e negarem-se a alcançar outros. Sabem que, se Jesus “andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo” (Atos 10:38), não é coerente apresentarem-se como seus seguidores , sem a disposição de fazer o mesmo movimento de amor.
A mensagem desse batalhão de abnegados e apaixonados pela cruz é muito clara. Eles anunciam as boas-novas de que a salvação está disponível a todos, anunciam a possibilidade da paz do homem com Deus e do homem com o homem, anunciam o governo de Cristo. É por isso que, por onde passam, levam transformação.
Quem os classifica como bem-aventurados? Quem se encanta com seus pés, correndo velozes sobre os montes? Em primeiro lugar, o próprio Deus. Justamente pelo fato de que obra da cruz, que lhe foi tão cara, permanece ineficaz, enquanto encoberta pela ignorância dos homens, o Senhor vê naqueles que se dispõem a pregar a resposta para a velha angústia do seu coração: “A quem enviarei? E quem há de ir por nós?” (Isaías 6:8). Quem prega o evangelho dá à cruz de Cristo o seu devido valor.
Formosos são os pés dos que anunciam as boas novas, também para os que por eles são alcançados. Quando alguém volta a se sentir amado, por ter a atenção de um filho de Deus, quando a esperança é devolvida ao coração quebrado, quando uma cadeia é despedaçada ou quando um relacionamento é restaurado pelo poder de Deus, aquele que é abraçado pela graça há de valorizar quem pagou o preço para servi-lo.
Graças a Deus por todos os que estão fazendo, nestes dias, formosos os próprios pés. São o verdadeiro reflexo de Jesus na terra. Afinal, se Ele estivesse aqui, na carne, como esteve há dois mil anos, certamente não estaria parado, rendido a inércia da religião que não sabe o que é amar.
Danilo Figueira