AMIGO DE DEUS POR MEIO DA FÉ

19:10


"E se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus." - Tiago 2:23

Uma das maneiras mais edificantes de lermos a Bíblia é nos inspirando em seus personagens. Todos eram homens que, sem exceção, cometeram falhas, mas muitos deles se tornaram referência para nós, por terem construído um relacionamento santo com Deus. Descobrir como conseguiram isto é como ter uma chave em nossas mãos.

Abraão emerge desta galeria como um dos principais modelos. Criado em profundo paganismo, este homem descobriu na fé o caminho para se tornar amigo de Deus e referência para todas as gerações posteriores, incluindo nós, os que vivemos quatro milênios depois.

A fé de Abraão não foi teórica, intimista ou passiva. A defesa que Tiago faz desse personagem bíblico como modelo ressalta exatamente o fato de que foram suas atitudes (obras), baseadas na fé, que o recomendaram diante de Deus.

Vamos procurar entender que atitudes são estas que podem levar um homem a se tornar amigo de Deus... São os verbos que definem nossa vida, pois eles revelam nossas ações. Quando olhamos para o começo da narrativa bíblica sobre Abraão, naquele tempo ainda chamado Abrão, nos primeiros nove versos do capítulo 12 de Gênesis, podemos entender através de que ações ele impressionou ao Senhor e se tornou seu amigo, pois ela se repetiram, de uma forma ou outra, ao longo de sua jornada espiritual.

A  primeira grande demonstração de fé que este patriarca deu foi OUVIR (e dar ouvidos) à voz do Senhor (conf. Gênesis 12:1-3). Em meio a tantas vozes, numa cultura onde “deus” era apenas algum tipo de entidade distante, este homem foi capaz entender uma voz que vinha do céu lhe fazendo promessas e estabelecendo condições para que elas se cumprissem em sua vida. A virtude de Abrão foi discernir o que Deus estava dizendo e não permitir que aquilo se perdesse em meio aos sons da sua alma e do seu entorno.

Distinguir a voz do Senhor em meio a tantos barulhos da vida é o nosso primeiro grande desafio. Sem nos conectarmos em sua frequência, não teremos a mínima chance de desenvolver um relacionamento de intimidade com Ele. Deus mesmo reclama, quando não vencemos esta barreira. Em Jeremias 7:22-23, Ele diz: “Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem. Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno; andaram para trás e não para diante”.

Depois de ouvir o Senhor, Abrão se qualificou  por uma outra ação: DEIXAR. Para obedecer e entrar numa outra dimensão, Ele teve que renunciar. Deixar sua terra e parentela representava um passo necessário para romper com raízes de pecado.

Infelizmente, muitas pessoas só aceitam se relacionar com Deus na perspectiva do receber, acrescentar, ganhar, mas a trajetória da fé sempre começar com perder, entregar, abrir mão daquilo que nos mantém presos ao pecado ou que nos impede de avançar com o Senhor. No reino, toda conquista nasce de uma entrega!

Ao deixar sua parentela e sua zona de conforto para aventurar-se na obediência, esse homem começou a conquistar o coração de Deus. Ele cria nas promessas, mas entendia que, para viabilizá-las em sua vida, precisaria renunciar, e o fez, cada vez que isso lhe foi exigido, inclusive anos depois dos seus primeiros passos, quando chegou ao cúmulo de entregar o próprio filho à morte.

Certa vez, Pedro, inseguro quanto ao valor de ter deixando tanta coisa para trás a fim de servir Jesus, lhe indagou sobre isso, recebeu como resposta do Mestre:  “Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por causa do reino de Deus, que não receba, no presente, muitas vezes mais e, no mundo por vir, a vida eterna” (Lucas 18:29-30). Ou seja, para toda promessa, há uma entrega. Para toda entrega, há uma promessa.

Outra ação que conquista o coração do Pai é quando nos pomos a INFLUENCIAR. A ordem de Deus para que Abrão deixasse sua terra e parentela tinha a ver com romper com um antigo estilo de vida, dominado pelo paganismo, mas não impunha sobre ele a condição sair para uma jornada solitária. Foi por entender isso que Abrão influenciou pessoas a seguirem-no pelo caminho da fé... “Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram” (Gênesis 12:5). A vida com Deus não é uma fuga, mas uma aventura para a qual devemos levar mais gente.

Jesus disse: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:14-16). Uma fé egoísta, que não é compartilhada com outros, nunca conquistará o coração inclusivo de Deus.

AVANÇAR é mais uma chave da fé. Abrão não ficou apenas num bom e entusiasmado começo. Ele avançou na direção que o Senhor estava lhe dando, numa longa viagem de obediência, para uma terra onde ele encontraria resistências (conf. Gênesis 12:6). Diferente de muitos que começam animados, mas logo se põem a marcar passo, este homem estava decidido a desenvolver o seu chamado, indo até o fim.

Parece ser sobre isso que Paulo fala em Filipenses 2:12: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;  porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”.

Por último e principalmente, a fé de Abraão se manifestava em CULTUAR. A grande âncora da sua vida era o altar, lugar onde ele prestava culto, onde fomentava seu relacionamento com Deus (conf. Gênesis 12:7-9). Vamos vê-lo construindo altares ao longo de toda a sua vida e esse era o maior dos seus segredos. Ele se recusou a ser simplesmente alguém que recebeu uma missão do Senhor e partiu para cumpri-la, sozinho. Ter Deus ao seu lado e construir uma intimidade com Ele era uma condição da qual aquele patriarca não abria mão. Sua fé não se resumia a fazer as coisas certas, mas em desenvolver intimidade. Foi por isso, acima de tudo, que ele se tornou amigo de Deus.

Danilo Figueira

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